sábado, outubro 17, 2009

O Comediante

"And now, for something completely different" - Monty Python

Para variar um pouco, resolvi comentar de um dos meus personagens favoritos dos quadrinhos. O Comediante, de Watchmen. O filme... exagera um pouco em algumas coisas. Mas é bom. E não estou aqui para fazer uma resenha de filme. Pelo menos, não hoje.


O Comediante

Bem, por que o cidadão acima, bancando o Jackass acendendo seu charuto com um lança-chamas me chama tanto a atenção? Além do exagero engraçado e de minha vontade de usar um lança-chamas um dia, o Comediante é, na minha opinião, o único cara além do Veidt e do dr. Manhattan que realmente entendeu o que é o mundo. De maneira distinta, mas entendeu.

Nada mais, nada menos do que uma piada. E de péssimo gosto. O choro dele é uma das melhores cenas do filme/quadrinhos. É uma ironia crua. Bruta. O comediante. O macho alfa. O cara que se diverte acabando com revoltas ou incendiando o Vietnã. Chorando feito uma criança que descobriu que o Papai Noel e o coelhinho da Páscoa não existem.

Qual a piada, afinal de contas? Somos apenas engrenagens de uma máquina. O mais livre e imprevisível de todos entende isso. E dança conforme a música. Minha pergunta é... Quantos desses caras que "mandam" neste nosso mundinho mandam mesmo, ou são apenas outras engrenagens de outro mecanismo distinto? Uns são peões, outros bispos, e outros cavalos. Tem uma rainha também, uma peça em 16 de uma cor. No fundo, todos sacrificáveis e apenas peças de um jogador de xadrez, pensando qual a melhor forma de atingir seu objetivo. Superar o outro jogador do outro lado.

Neste mundo, temos um sem número de peças que acham que são jogadores. E quantos jogadores afinal? E quantos são peças, também? O curioso é perceber que todas essas peças tratam as outras peças como suas peças no seu jogo pessoal.

Bem, porque comecei a fazer essa analogia porca com xadrez? Simples. O comediante era um cara campeão, e tem uma noção dessa minha analogia. Ele chora copiosamente porque percebeu a mais dura realidade possível.

Ele não é nada mais, nada menos do que uma peça bem sacrificável.

Seja um peão, seja uma rainha, todos são sacrificáveis para o rei, que vejo como uma personificação do jogador em campo. O rei morre? Fim de jogo. Por isso, o jogador se esforça tanto para preservá-lo. Bom. Ele sabe que não é o rei e nota que vai ser o próximo sacrifício. Sucks to be you, buddy.

Acho engraçado demais isso. Inconscientemente, acho que o brasileiro sabe bem disso até demais. Conhecem outro povo que tenta passar mais a perna no seu próximo do que o brasileiro? Não conheço tantas culturas assim, mas estou para conhecer outra que o faça tão na cara larga. No final, ao perceber o quanto suas vidas foram inúteis, se matando e matando para conseguir o máximo de resultado possível... Choram. Como crianças que descobrem que o Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa não existem.

Eu? Não choro mais, cansei. Aliás, tenho certeza de que vou odiar este texto depois, já escrevi melhor. Mas foi bom para tirar a ferrugem.

Um comentário:

Unknown disse...

Cara, Soneca: revoltoso!

Mas mandou bem no seu texto: parabéns!

Excelentes reflexões pipocaram na cabeça depois de eu ler o seu texto!

Abraços!